sexta-feira, 20 de março de 2020

Cenário de feriadão em plena sexta-feira

Entrou em vigor o período de fechamento do comércio, uma das muitas medidas draconianas tomadas pela administração municipal na tentativa de impedir a circulação do coronavírus. Não fosse o movimento na porta das agências bancárias na região central da cidade, a impressão seria a de que a sexta-feira,20, era feriado em Itapira.
“Parece profecia bíblica. A gente fica assustada. Só sai de casa porque precisava ir ao banco”, disse a aposentada Rosana Bibiano. Moradora do condomínio São Judas Tadeu, ela caminhava ao lado da neta Brenda, de 17 anos, ambas usando máscaras. “Uso a máscara porque faço tratamento de câncer e tenho baixa imunidade”, justificou.
Na porta dos bancos, funcionários tentavam administrar as filas. A estratégia era a de separar os que iam ao caixa automático daqueles que queriam atendimento presencial. Na porta do Bradesco, quando a reportagem da GAZETA foi ver como estava o movimento, houve confusão de pessoas se acusando de furar a fila.
Nos bancos, controle de entrada de correntistas
Poucas pessoas se aventuravam em passear pelas ruas. Na concorrida rua José Bonifácio funcionavam um restaurante, duas lanchonetes e uma farmácia. Nem era meio dia ainda quando a tradicional pastelaria do Cachiba baixou as portas. Na Praça Bernardino de Campos, atendentes das lanchonetes se esforçavam para não desanimar. “Com certeza 85% a menos do que em um dia normal”, respondeu a atendente Jaili Rafaeli, da tradicional pastelaria Estrela, quando perguntada a respeito da queda do movimento.
No restaurante Tempero Caseiro, o proprietário Hamilton Quintal André, contabilizava o movimento muito abaixo do normal. Ele contou que tem uma clientela fixa, constituída por idosos que moram na região central e que já pagam por mês. “Não tem como baixar as portas”, explicou. Disse que a medida mais imediata que tomou foi a de diminuir a quantidade de comida processada. “Temos que ser criteriosos para não jogar comida fora”, apontou.
A Drogaria Multidrogas se destacava em meio a tantas lojas fechadas. A proprietária Marcia Ferreira comentou que a sensação era “a mais estranha possível”. Segundo ela, a cada cinco pessoas que entravam na loja, 4 perguntavam por máscaras e álcool gel. “Ninguém tem. Os fabricantes não dão conta de entregar. As pessoas abusam. Esta situação vai ocorrer também com outros medicamentos. Alguns mais básicos já estão com os estoques baixos”, projetou.
Márcia da Multidrogas: perspectiva de falta de remédios
Caminhando neste cenário desolador, Achiles Ferreira Andrade, há 60 anos estabelecidos na rua José Bonifácio (dono da Casa Yorque, loja de calçados) cravou: “Jamais em toda minha vida imaginei que pudesse testemunhar algo minimamente parecido com isso que estou vendo agora. É assustador”.
FONTE: GAZETAITAPIRENSE

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