segunda-feira, 1 de junho de 2020

"A EPIDEMIA É UMA DOENÇA SOCIAL", DIZ O FILÓSOFO LUIZ FELIPE PONDÉ



O Brasil alcançou a segunda posição no ranking com 514.849 casos de covid-19. Para o filósofo Luiz Felipe Pondé, o número de mortes pelo coronavírus (29.314) gera um sentimento de insegurança e desespero. Segundo o filósofo, o lockdown também tem que ser analisado do ponto de vista social.

“O Brasil não pode fazer lockdown completo. É uma ilusão. Muita gente anda na rua porque senão passa fome”, pondera.  “Então eu acho que às vezes a discussão fica meio de grife. A classe média alta discutindo um país que não existe. O Brasil é uma Bélgica cercada por uma Índia”, reflete Pondé se referindo às diferentes realidades sociais do país.

“Uma cultura como a nossa, em geral, viciada em sucesso, em controle, em bons resultados e eficácia, não saber exatamente o que vai acontecer é motivo de enorme estresse. É uma geração mal acostumada, que só acumulou sucessos. Isto não é ruim, mas criou em nós um hábito”, citou.

Em tom realista, Pondé afirma que não há sinais de que a pandemia gere maior solidariedade e compaixão. Para o filósofo, as manifestações humanísticas refletem, na maior parte dos casos, interesses empresariais. “A solidariedade que tem ocorrido, em alguns casos, ela vai de braços dados com marketing, que a priori, não significa que é ruim. É até uma sorte para quem recebe ajuda. O fato de que ajudar agrega valor á marca, seja empresa, seja pessoa. É claro que você tem, no começo, o caso de jovens que se dispuseram a ajudar idosos no prédio e coisa e tal”, disse.

Para o filósofo, o pessimismo absoluto é achar que “a pandemia é o apocalipse, que é a peste negra, que vai todo mundo morrer, que o mundo vai acabar”. “A gente vai passar uma época difícil, com mais estresse, mais custo, o próprio custo da biossegurança vai aumentar”. Pondé acredita que a maior parte das pessoas negocia qualquer liberdade em troca de segurança e saúde. “E é isto que está acontecendo”.
(Agência Brasil)

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