No Ceará, a convergência de interesses que une PT e PDT ainda produz benefícios mútuos, mas as brigas entre os seus comandos nacionais leva cada um a falar para seu próprio grupo na atual divisão da esquerda brasileira: os que ainda idolatram Lula e os que se decepcionaram com Lula. Juntos, os Ferreira Gomes e o PT ligado a Camilo abarcam as duas partes. Não foi por impulso que o governador foi a São Paulo abraçar o ex-presidente. Como tudo na política, houve cálculo nesse movimento. Basta reparar que Ciro ataca Lula até no campo moral, mas não critica o governador que enaltece o petista. Os espaços seguem devidamente ocupados por aliados no Estado.
Para as eleições municipais do próximo ano, especialmente nas capitais, o petismo cobra de Camilo uma atitude de independência e protagonismo, já o pedetismo lhe cobra, digamos assim, neutralidade. Isso já aconteceu antes, mas sem que Lula e Ciro estivessem tão afastados (para dizer o mínimo) como agora. Só pra lembrar, Lula afirmou recentemente que Ciro não tem perfil ideológico para representar a esquerda, pois troca de partido a cada eleição. O governador elogia os dois, por quem nutre admiração natural. E tem se mostrado bastante hábil nesse jogo, que fica cada vez mais complicado. Vejamos como será em 2020.
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